As recomendações biomédicas para o autocuidado tendem a prescrições comportamentais preventivistas (heterorreferidas). A introdução de lógicas não biomédicas no Sistema Único de Saúde (SUS), como a Medicina Chinesa, não tem sido suficiente para mudar a perspectiva do autocuidado na Atenção Primária à Saúde (APS). Frente à redução do autocuidado da Medicina Chinesa na sua diáspora para o Ocidente, discute-se o potencial de enriquecimento do autocuidado a partir da totalidade de práticas da Medicina Clássica Chinesa e sua possibilidade de contribuir para os objetivos da APS. Este ensaio é baseado em três fontes: entrevistas com acupunturistas da APS, autoetnografia e análise da literatura. Conclui-se que a Medicina Clássica Chinesa fomenta o autoconhecimento, autopercepção e aprendizado (autorreferidos) pelas suas técnicas e ou sua abordagem, podendo ser um potencializador das ações de fomento ao autocuidado na APS.
Palavras chave: Atenção Primária à Saúde; Medicina Chinesa tradicional; Autocuidado