Interprofissionalidade e saúde: conexões e fronteiras em transformação
Márcio Florentino Pereira – Departamento de Saúde Coletiva, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília. Asa Norte. Brasília, DF, Brasil. 70910-900. [email protected]
O tema da interprofissionalidade tem mobilizado, mais recentemente, os educadores, pesquisadores, gestores, trabalhadores, conselheiros, organismos e instituições de saúde e educação e vem ganhando contornos de um movimento com a realização de eventos, como o Colóquio Internacional sobre Trabalho e Educação Interprofissional, realizado em Natal (RN), em 2015, organizado pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde (MS), e na criação de estruturas, como a Rede Regional de Educação Interprofissional das Américas (Reip). No entanto, muitas contradições ainda estão presentes quando identificamos os limites e as resistências políticas, teóricas e práticas presentes na educação interprofissional em Saúde e na sua limitada capacidade de provocar mudanças em cenários profissionais e curriculares, fortemente dominados pelo individualismo disciplinar especializado e pelo biotecnicismo descontextualizado. Nesse caso, a interprofissionalidade em saúde é avaliada no interior e entre as profissões e disciplinas como pouco discernível nos seus critérios e padrões, assim como na definição dos limites e fronteiras de formação e da profissionalização em saúde, podendo provocar, nas palavras do autor, “conflitos, fustigamentos, disrupturas, desconfortos e borramentos”.