Silvia de Melo Cunha, Pós-graduada do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva (Doutorado), Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE, Brasil.
O artigo O médico que eu quero ser: auto imagem profissional no Brasil e em Portugal aborda a percepção de acadêmicos de medicina sobre sua auto imagem como médico e fatores que influenciaram a construção da sua identidade profissional.
A formação em Medicina, requer a construção da identidade profissional, que corresponde ao jeito de ser, do futuro médico e envolve o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos, que tem sua essência na interação social, vivenciada nos anos de formação.
Este estudo qualitativo se propôs a interpretar o sentido que estudantes brasileiros e portugueses atribuem à imagem que idealizam de si enquanto futuros profissionais e foi realizado por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza (PPGSC – UNIFOR) com a colaboração de pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
A coleta de dados foi realizada na UNIFOR e na FMUP em 2018 e os resultados foram publicados no periódico Interface – Comunicação, Saúde, Educação em 2023. Para a realização da pesquisa, foram entrevistados 32 acadêmicos do sexto ano. A Análise de Conteúdo na modalidade temática foi utilizada para categorização das falas dos participantes, e as temáticas extraídas desta análise foram interpretadas à luz da Dramaturgia de Goffman.
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Segundo Goffman, o mundo é um palco e a interação entre as pessoas ocorre sob a influência recíproca dos indivíduos sobre suas ações. No estudo, o palco é o cenário onde o concludente se imagina atuando; o ator é o estudante; o personagem é o médico que ele pretende ser; os atributos demonstrados em cena são utilizadas na construção do personagem e os bastidores são elementos que contribuem para a sua atuação.
Os resultados apresentados neste artigo apresentam dois grupos de personagens: um pequeno grupo, centrado em si e que prioriza conhecimento, experiência e auto-controle para exercer a medicina; e um grupo maior , centrado no paciente e que prioriza cuidado, empatia, comunicação, respeito, responsabilidade, compaixão, relação médico-paciente, relação interpessoal e trabalho em equipe para sua atuação profissional.
Outro resultado deste estudo aponta para a importância da interação com profissionais modelos nos cenários de prática e a necessidade das escolas médicas investirem na construção da identidade profissional do médico desde o início do curso, conscientizando professores e estudantes da influência das relações interpessoais durante o percurso acadêmico para a futura trajetória profissional do médico.
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Referências
GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. 20ª ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
MORETO, G. et al. O profissionalismo e a formação médica de excelência: desafios encontrados na academia e na prática clínica. Arch Med Fam [online]. 2018, vol. 20, no. 4, pp. 183-189 [viewed 5 April 2023]. Available from: https://www.medigraphic.com/cgi-bin/new/resumen.cgi?IDARTICULO=83548
SASSI, A.P., et al. O ideal profissional na formação médica. Rev. bras. educ. méd. [online]. 2020, vol. 44, no. 1, e044 [viewed 5 April 2023]. https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.1-20190062. Available from: https://www.scielo.br/j/rbem/a/tzLZGSnmShmsbcxLvRJyd8n/
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Para ler o artigo, acesse https://doi.org/10.1590/interface.220374
Texto extraído de:
CUNHA, S.M. “O médico que eu quero ser” na percepção de estudantes de medicina [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2023 [viewed 11 April 2023]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2023/04/05/o-medico-que-eu-quero-ser-na-percepcao-de-estudantes-de-medicina/