A inspiração em Hannah Arendt para discutir os temas propostos pelos quatro textos que compõem este dossiê é justificada pelo fato de que a autora é eminentemente uma crítica da crise. Do mesmo modo que Foucault e Deleuze, ou mesmo mais que eles, devido ao seu contexto de vida nas sombras do totalitarismo, ela entende que a crise é momento privilegiado para o exercício da atividade da crítica. Sua experiência pessoal como autora judia perseguida pelo nazismo lhe proporcionou a oportunidade de entender o valor da liberdade e da pluralidade para o exercício da política, mas igualmente de compreender sua efemeridade quando acontece de alguém tomar o poder da palavra como nas experiências totalitárias, o que agora parece se repetir pelos regimes fascistas e populistas de direita que têm se espalhado em diversos lugares no século 21. Sua proposta de amor mundi, entendida como amor pela vida, sobretudo dos herdeiros da natalidade que precisam descobrir na educação o apreço pelo diferente, pela singularidade e pelo sentido do viver, é fundamental para transformar épocas de crises em momentos de libertação e de liberdade.
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