Uma pesquisa brasileira inédita no mundo está propondo novas estratégias contra o tabagismo e indicando sugestões inovadoras para a saúde pública. Através da ação de seis mulheres da comunidade, capacitadas para atuar contra o tabagismo, foram sensibilizados mais de 2300 moradores para os danos do cigarro. A atuação “capilar” no contexto social de forma orientada combinou saberes popular e cientifico para enfrentar o crescente tabagismo feminino.
Uma pesquisa-ação sobre o consumo de cigarros entre mulheres de comunidades populares no Rio de Janeiro, promovida pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ e apoio do Instituto Nacional do Câncer (MS) e da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, capacitou moradoras, ex-fumantes, para desenvolveram um processo educativo participativo e reflexivo voltado para a prevenção e cessação do tabagismo direcionado para as mulheres, que considerassem os processos sociais e de gênero que levam cada vez mais mulheres a fumarem.
Durante o processo educativo, homens, jovens e crianças da comunidade também foram, direta ou indiretamente, envolvidos. A pesquisa-ação foi desenvolvida entre 2010 e 2011 em uma das comunidades do Complexo da Maré. Além do processo educativo, também foram realizadas várias pesquisas qualitativas que utilizaram entrevistas e grupos focais. Os resultados deste processo e das pesquisas revelaram como se constrói um conhecimento compartilhado sobre a saúde que resulta da integração entre os saberes científico e popular, confirmando o potencial e a validade desta proposta de enfrentamento do tabagismo feminino nos contextos populares.
Estudos epidemiológicos que apontam, no mundo todo, o crescimento do tabagismo entre a população feminina, particularmente a de baixa renda e escolaridade, confirmam a importância dos resultados obtidos, tanto no que diz respeito ao modelo educativo implementado, que revelou-se capaz de promover envolvimento e motivação da população alvo no enfrentamento do problema, quanto nos conhecimentos gerados, que revelaram as dinâmicas sociais e de gênero que estão interconectadas ao tabagismo. A pesquisa recebeu o apoio financeiro da Organização Pan-Americana de Saúde.
O artigo “Confluindo gênero e educação popular através de uma pesquisa-ação para a abordagem do tabagismo feminino em contextos de vulnerabilidade social” foi publicado no último número do periódico Interface – Comunicação, Saúde, Educação (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141432832013000300010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) de autoria de M. Trotta-Borges e R. Simões-Barbosa.
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Prof. Dra. Regina Helena Simões Barbosa
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Instituto de Estudos de Saúde Coletiva / Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ)