Karina Fernandez, pesquisadora, Campus Universitário Darcy Ribeiro,Brasília, DF, Brasil
Francini Lube Guizardi, pesquisadora, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Brasília, DF, Brasil
As maratonas hackers também conhecidas como hackathons, embora surjam da área de tecnologia, têm sido utilizadas em diversas áreas para o desenvolvimento de soluções, inclusive para a Saúde. A partir da observação de que poucas publicações descrevem estas maratonas e da relevância da metodologia para o desenvolvimento de inovações tecnológicas e sociais (BRISCOE; MULLIGAN, 2014), esta pesquisa buscou identificar eventos planejados segundo tal metodologia, a fim de analisar suas características e potenciais.
O artigo “Maratonas hackers no Brasil com desafios no campo da Saúde”, publicado em Interface: Comunicação, Saúde e Educação (v. 22, n. 65), apresenta um mapeamento, realizado por meio de uma pesquisa web, com o buscador Google, e na base de dados Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), entre 2000 e 2016, sobre maratonas hackers com desafios voltados para o campo da Saúde no Brasil. Identificou-se 16 experiências brasileiras de maratonas hackers na área da Saúde, todas realizadas a partir de 2012. Seis maratonas apresentaram desafios específicos do campo da Saúde. As outras dez concentraram-se em desafios do âmbito geral das políticas e da gestão pública. Dentre outras características apresentadas no artigo, ressaltamos que os hackathons previram equipes multiprofissionais, incluindo categorias como profissionais de Saúde, Educação, especialistas em temas sociais e cientistas. Todavia, a composição dos grupos evidenciou a centralidade das áreas de tecnologia da informação, designer e gestão como elementares do processo criativo.
A partir desta pesquisa, observou-se que as maratonas hackers são capazes de promover um diálogo entre as áreas, propiciando uma visão multifacetada das questões colocadas pelo desafio, fator que permite um ambiente favorável de criação e à capacidade inovadora de desenvolvimento de produtos. Algumas características foram confirmadas como estruturantes da metodologia: o trabalho colaborativo, a intensividade, a informalidade, o foco na inovação e na aplicação (BRISCOE, MULLIGAN, 2014; MCARTHUR, LAINCHBURY, HORN, 2012). Além disso, a metodologia parece possuir interessante potencial à formação profissional em Saúde, que encontra como um de seus grandes desafios o trabalho em equipes multiprofissionais e a construção de autonomia criativa no enfrentamento de problemas constituídos por complexas determinações sociais. Pondera-se, contudo, sobre a importância de um desenho bem definido referente ao desafio, uma vez que as maratonas hackers são atividades que requerem clara orientação. Com isso, pode-se demarcar a necessidade de investigar melhor os efeitos da inclusão dos profissionais da área de Saúde nas equipes de desenvolvimento, pois, inferimos que a ampliação da presença deles potencializaria a adequação dos produtos às demandas iniciais.
Referências
BRISCOE, G.; MULLIGAN, C. Digital innovation: the hackathon phenomenon. London: CreativeWorks LondonWorking Paper, 2014.
MCARTHUR, K.; LAINCHBURY, H. HORN, D. Guia para hackathon de dados abertos. Tradução Angeluci A. 2012. Disponível em: http://www.acessasp.sp.gov.br/wp-content/uploads/2015/03/Como-fazer-um-hackathon.pdf
Para ler o artigo, acesse
GUIZARDI, F. L. et al. Maratonas hackers no Brasil com desafios no campo da Saúde. Interface(Botucatu), v. 22, n. 65, p. 447-460, 2018. ISSN: 1807-5762 . [viewed 1 August 2018]. DOI: 10.1590/1807-57622016.1001. Available from: http://ref.scielo.org/82nf74
Link externo
Interface: Comunicação, Saúde e Educação – ICSE: www.scielo.br/icse
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