Comecemos pela falta! E, logo, um alerta: não temos a ilusão de que preencheremos um lugar do vazio com o que pretendemos aqui discutir, e que tudo assumirá uma ordem inquebrantável e duradoura após a descoberta deste recheio. Aspiramos, apenas, indicar possibilidades que ainda, talvez, não tenham sido experimentadas. Só um desejo, mas com uma convicção aguda de que não há objeto pleno, mas que a falta favorece a condição de possibilidade do desejo.
Para Lacan, a falta é central para o trabalho na psicanálise1, na sua tarefa de desvelar objetos de desejos. E, com isso, nos permitimos empreender uma ousadia e um trabalho conceitual necessários à associação da falta com um conceito de objeto inédito. Muita pretensão, pois objeto inédito não existe, apenas se anuncia como uma esperança.
Ultimamente, o tema dos trotes e violências no meio acadêmico voltou com força a partir da quebra do silêncio de alguns estudantes da Medicina da USP, que trouxeram, a público, as mazelas da Faculdade. A sociedade gritou e até realizou uma CPI na Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP), para investigar as denúncias de violações de direitos humanos ocorridas em instituições de Ensino Superior do Estado de São Paulo, em trotes, festas e no cotidiano acadêmico.
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Departamento de Prática em Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (USP). São Paulo, SP, Brasil.
Felipe Scalisa
Discente, curso de Medicina, Faculdade de Medicina, USP. São Paulo, SP, Brasil.
Jacques Akerman
Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC). Belo Horizonte, MG, Brasil.